Anvisa suspende laboratório após exames de doadores com HIV em transplantes no RJ
A Anvisa interditou o laboratório PCS Lab Saleme após seis pacientes contraírem HIV em transplantes no Rio de Janeiro. O Ministério Público e a Vigilância Sanitária investigam o caso. A prefeitura de Nova Iguaçu afastou o sócio do laboratório e busca soluções emergenciais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou o laboratório PCS Lab Saleme, responsável por realizar exames em doadores de órgãos, após seis pacientes no Rio de Janeiro terem contraído HIV em transplantes. A Vigilância Sanitária estadual e municipal, junto com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde, estão investigando o caso. A Anvisa classificou a situação como “gravíssima” e, além de monitorar os pacientes, ordenou novos testes antes de qualquer transplante no Instituto Estadual de Hematologia, o Hemorio.
O laboratório foi fechado como medida cautelar até que as investigações sejam concluídas, visando garantir a segurança dos procedimentos de transplantes. A prioridade agora é assegurar que todos os protocolos sejam seguidos à risca para proteger os pacientes e prevenir novos incidentes. O governo estadual e a Anvisa estão em coordenação constante para entender como esses exames negativos puderam ocorrer e quais falhas levaram a essas transmissões.
Leia também:
Contratos encerrados e apurações
A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) encerrou o contrato com o laboratório em fevereiro de 2024, transferindo os serviços a organizações sociais que gerenciam a rede básica de saúde. Após a interdição pela Anvisa, a secretaria interrompeu oficialmente o acordo com o PCS. Todos os pacientes do SUS que realizaram exames no laboratório poderão refazê-los sem custos.
Para garantir que os exames agendados não sofram atrasos, a prefeitura contratou emergencialmente um novo laboratório para atender a demanda.
Afastamento e investigação do MP
O médico Walter Vieira, ginecologista e sócio do PCS Lab Saleme, foi afastado de sua função pública. Vieira, que também ocupava a presidência de um comitê de vigilância de óbitos no município, foi removido do cargo após o envolvimento de seu laboratório nas investigações.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também instaurou um inquérito civil para investigar as falhas nos exames de transplantes. O MP solicitou cópias dos laudos de inspeção e sindicâncias da Secretaria de Saúde e da Anvisa, com o objetivo de apurar se houve irregularidades no serviço prestado pelo laboratório e nos processos de contratação. Além disso, está averiguando possíveis vínculos familiares entre os responsáveis pelo laboratório e figuras políticas locais, o que pode indicar falhas no processo de licitação.
Posicionamento das autoridades
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, manifestou sua indignação com a situação, determinando uma apuração rigorosa e rápida. Ele garantiu que todas as medidas foram tomadas para apoiar os pacientes afetados e assegurar que um erro desse tipo jamais se repita. “Este é um caso sem precedentes, e o Estado tem a obrigação de garantir a segurança e a integridade do nosso sistema de transplantes”, declarou o governador, frisando que o Estado já salvou mais de 16 mil vidas com o programa.
O Ministério Público também está disponível para receber denúncias e auxiliar as famílias afetadas, garantindo o sigilo dos dados dos envolvidos.