A intolerância à lactose é uma condição comum que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Esse distúrbio resulta na incapacidade de digerir a lactose, um açúcar presente no leite e em seus derivados.
Embora seja uma condição bem conhecida, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre suas causas, sintomas e tratamentos. O presente artigo busca esclarecer esses pontos. Vamos lá!
O que é Lactose?
A lactose é um dissacarídeo, um tipo de açúcar composto por duas unidades monossacarídicas: a glicose e a galactose, cuja fórmula química é C₁₂H₂₂O₁₁. Esse açúcar é, predominantemente, encontrado no leite e em outros produtos lácteos, sendo uma das principais fontes de energia nos mamíferos durante o período neonatal.
A lactose é solúvel em água, o que permite uma fácil digestão e absorção no intestino delgado quando hidrolisada. Nesse microambiente, a lactose é hidrolisada pela enzima lactase, quebrando-lhe em suas unidades monossacarídicas constituintes, mencionadas anteriormente. Isso permite a absorção dessas moléculas pelas células intestinais para serem utilizadas como fonte de energia para o corpo.
O que é a Intolerância à Lactose?

A intolerância à lactose ocorre quando o corpo não é capaz de produzir a enzima lactase suficientemente ou inteiramente.
Esta enzima é responsável por quebrar o açúcar lactose no trato gastrointestinal, mais precisamente no intestino delgado. Sem ela, a lactose não é digerida adequadamente e chega ao intestino grosso intacta.
No intestino grosso, bactérias fermentam a lactose não digerida, produzindo gases e ácidos. Isso leva aos sintomas típicos da intolerância.
A falta de lactase pode ser parcial ou completa, resultando em diferentes níveis de intolerância.
Tipos de Intolerância à Lactose
Existem três tipos principais de intolerância à lactose: primária, secundária e congênita.
A intolerância primária é a mais comum e ocorre com o envelhecimento. A produção de lactase diminui naturalmente ao longo da vida.
A intolerância secundária resulta de doenças ou lesões no intestino delgado. Condições como doença celíaca, doença de Crohn e gastroenterites podem danificar a mucosa intestinal, de modo a afetar e reduzir a produção da lactase.
A intolerância congênita é rara e ocorre quando o bebê nasce sem a capacidade de produzir lactase. Esse tipo é genético e se manifesta logo após o nascimento.
Sintomas da Intolerância à Lactose
Os sintomas variam de pessoa para pessoa e dependem da quantidade de lactose ingerida. Os mais comuns incluem dor abdominal, inchaço, flatulência, diarreia e náusea. Esses sintomas geralmente aparecem entre 30 minutos e 2 horas após a ingestão de lactose.
Nesse contexto, algumas pessoas podem tolerar pequenas quantidades de lactose sem apresentar sintomas. Outras, todavia, podem ter reações severas mesmo com pequenas quantidades de lactose.
A variabilidade dos sintomas torna o diagnóstico e o manejo da intolerância um desafio.
Diagnóstico da Intolerância à Lactose
A medicina utiliza vários testes para diagnosticar a intolerância à lactose. O teste de tolerância à lactose mede a resposta do corpo à ingestão de lactose. Para tanto, o paciente consome uma bebida rica em lactose, e o profissional de saúde monitora os níveis de glicose no sangue. Dessa forma, um aumento insuficiente nos níveis de glicose aponta intolerância.
Um outro método é o teste de hidrogênio na respiração. Nesse, o paciente ingere lactose e o profissional de saúde mede a quantidade de hidrogênio exalado. Assim, níveis elevados de hidrogênio indicam fermentação de lactose não digerida no intestino grosso.
Além disso, o teste genético também pode identificar mutações associadas à intolerância congênita. Esse teste é especialmente útil para diagnosticar a intolerância em recém-nascidos.
Tratamento e manejo
Embora a intolerância à lactose não tenha cura, é possível gerenciar os sintomas. A chave para isso está em ajustar a dieta, a fim de reduzir ou eliminar a ingestão de lactose.
Vale ressaltar que muitos produtos sem lactose estão disponíveis no mercado, incluindo leites e queijos. Os suplementos contendo a enzima lactase podem ajudar algumas pessoas a digerir produtos lácteos. Tomar a enzima antes do ou durante o consumo de lactose permite a digestão adequada. Entretanto, a eficácia dos suplementos varia de pessoa para pessoa (cada caso é um caso).
Para garantir uma dieta equilibrada, pessoas intolerantes à lactose devem buscar fontes alternativas de cálcio e vitamina D. Vegetais verdes, como brócolis e espinafre, são boas fontes de cálcio. Expor-se ao sol e consumir alimentos fortificados ajuda a manter níveis adequados de vitamina D.
Impacto da Intolerância à Lactose na qualidade de vida
A intolerância à lactose pode impactar significativamente a qualidade de vida e os sintomas podem ser desconfortáveis e embaraçosos, afetando atividades diárias e sociais. Nesse cenário, a necessidade de evitar produtos lácteos pode limitar opções alimentares e criar desafios nutricionais.
No entanto, com um diagnóstico adequado e ajustes na dieta, muitas pessoas conseguem controlar seus sintomas. Portanto, informar-se sobre a condição e planejar as refeições cuidadosamente são passos essenciais para viver bem com a intolerância à lactose.
Mitos e crenças populares errôneas
Muitas pessoas acreditam que a intolerância à lactose é uma alergia ao leite, o que não é verdade. A intolerância à lactose envolve a incapacidade de digerir lactose, mas não se trata de uma resposta imunológica. Em contrapartida, a alergia ao leite envolve o sistema imunológico, que reage às proteínas do leite, como a caseína e a beta-lactoglobulina.
Outra crença comum é de que todos os produtos lácteos devem ser evitados, mas isso não é sempre necessário. Muitos intolerantes à lactose podem consumir pequenas quantidades de lactose sem problemas. Além disso, produtos lácteos fermentados, como iogurte, geralmente são mais bem tolerados devido à presença de bactérias que ajudam a digerir a lactose.
Algumas pessoas pensam que tomar leite sem lactose não oferece os mesmos benefícios nutricionais, o que é fake news! Leites sem lactose contêm os mesmos nutrientes essenciais, como cálcio, vitamina D e proteínas. Esses produtos apenas têm a lactose pré-digerida, facilitando a digestão para os intolerantes à lactose.
Estudos Recentes e Novas Perspectivas
A pesquisa sobre intolerância à lactose continua a avançar. Enquanto isso, estudos recentes investigam a relação entre microbiota intestinal e intolerância.
Alguns pesquisadores sugerem que a modulação (isto é, a mudança de certas características visando a um determinado fim) da microbiota pode aliviar os sintomas.
Ademais, novas tecnologias de processamento de alimentos estão surgindo. Esses avanços visam a reduzir o teor de lactose em produtos lácteos sem comprometer o sabor e a textura. Tais inovações oferecem esperança para uma melhor qualidade de vida para os intolerantes à lactose.
Conclusão
A intolerância à lactose é um distúrbio comum que pode ser gerenciado com ajustes na dieta e, em alguns casos, com suplementos de lactase.
Conhecer os tipos, sintomas e métodos de diagnóstico é crucial para um manejo eficaz.
Avanços na pesquisa e na tecnologia de alimentos prometem melhorar ainda mais a vida dos intolerantes à lactose.
Manter-se informado e adaptar-se às necessidades nutricionais individuais são passos essenciais para viver bem com essa condição.